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sábado, 15 de junho de 2013

[TOADA] No Trambique do Amor - João Neto e Fabinho


LETRA:

No Trambique do Amor
no mundo ninguem conhece
porque quem ama em segredo
sem ter emoção empadese
quanto mais o tempo passa
mais a amizade cresce

Um dia eu fui a uma festa
lhe convidei pra dançar
quando eu peguei na mão dela
ela começou falar
dizendo o coisa tão boa
que outra melhor não há

Tratamos pra se encontrar
em um lugar reservado
porque os nossos segredos
jamais serão revelados
e o motivo desse amor
ela é solteira eu sou casado

Pra mim escrever pra ela
fiz uma linda invenção
lhe coloquei um apelido
de lilian cor de melão
e os seus cabelos pretos
pra fazer a coleção

Marquei o segundo encontro
a finalmente eu imploro
pra um lugar sem residência
nosso colchão foi o solo
quando ela se sentou
eu me deitei em seu colo

Lhe dei um beijo de amor
ela só fez suspirar
eu sou dela e ela é minha
enquanto a sorte marcar
e as suas inicias é um J um M e um A

[TOADA] Cajueiro - Arreio de Ouro


LETRA: 

Ô cajueiro pegue aqui na minha mão,
Já vesti couro, perneira, chapéu, gibão
Eu vim montado também já dei queda em gado
E hoje vivo apaixonado por mulher do cabelão.
Cachaça boa é que se bebe aqui
Eu bebo ela pra poder me divertir
mas se um dia eu conseguir sair da mata, adeus mulata
Vou beber até tombar até cair.
E se passar um caixão em sua porta
Faça favor num pergunte de quem é
Foi um vaqueiro quem morreu embriagado, apaixonado, alucinado
Por amor de uma mulher.
Mulher bonita foi, é e será a minha perdição
Quando eu me lembro dá uma dor no coração
Eu vou deixar de aboiar e chamar gado
Eu vou viver... eu vou morrer apaixonado, por mulher
do cabelão.

[TOADA] Gemedeira - Mano Walter



LETRA:

Gemedeira é um estimulo que meche com muita gente
Tem pessoas que só gemem quando alguma coisa sente
Eu, porém gemo cantando ai ai ui ui...Mesmo sem estar doendo

Um cabra novo é pra frente, vive farrando e bebendo
Porém vai ficando velho, sentindo o corpo doendo
Quando se levanta treme ai ai ui ui...Quando se deita é gemendo

A viúva também sofre, geme o tempo inteiro
Dorme e sonha com o finado, se acorda no desespero
Geme com tanta saudade ai ai ui ui...Chega morde o travesseiro

A mulher gorda também geme que perde a cautela
Dorme perto do marido, começa a fazer novela
Por larga que a cama seja ai ai ui ui...Só da pra gordura dela

E o moço é quem se revela, com seu gemido perfeito
Que motor de cabra novo, pega bem de qualquer jeito
Motor de velho só pega ai ai ui ui ...Se lubrificar direito

Nossa vida é desse jeito, gemer por sentir dor
Outras por estar doente, muitos por não ter amor
E quem disser que não geme ai ai ui ui...Esse é o mais gemedor

[TOADA] Boi Cigano - Mano Walter




LETRA:

Fui uma festa no sertão pernambucano
peguei o boi mais valente do sertão
entrei na festa escutei logo o boato
tome cuidado quando for entrar no mato
que o boi cigano é ligeiro igual um gato
pra pegar ele tem que ter opinião
que o boi cigano é ligeiro igual um gato
 pra pegar ele tem que ter opinião

O fazendeiro me abraçou e foi falando
esse boato corre a mais de 15 anos
tenho um diploma para quem pegar cigano
e deixar ele amarrado no mourão

entrei no mato encontrei o rastro dele,
sai andando Mais na frente avistei ele,
dei quatro gritos e botei o cavalo nele
corri com ele em cima de um chapadão

o boi corria la em cima da chapada,
saiu descendo a procura da baixada
deixando pedra e caatingueira arrancada
fui pegar ele la dentro de um grotilhão

o touro velho não aguentou a carreira
 amarrei ele num tronco de aroeira
 ficou o cheiro da casca da caatingueira,
no meu chapéu, na perneira e no gibão

 Esse diploma eu guardei como lembrança
é uma prova que no tempo de infância
eu fui vaqueiro e tive muita confiança
corri no mato e o honrei minha profissão
 eu fui vaqueiro e tive muita confiança
corri no mato e honrei minha profissão.

[TOADA] Se um dia eu deixar de ser vaqueiro - Joãozinho Aboiador



LETRA:

se um dia eu deixar o meu sertão
resolver viajar para distante
eu por la vou me lembrar a todo instante
das perneiras o chapéu e o gibão
da espora o chicote e o facão
da susana da corda e a laçada
do cavalo o galope e a passada
da cacimba o açude e o barreiro

se um dia eu deixar de ser vaqueiro
vou chorar com saudade da boiada

desde novo que eu sou acostumado
em laçar touro bravo na caatinga
comer carne de bode e tomar pinga
dançar xote baião e correr prado
aboiar tirar leite e tanger gado
ganhar taça e troféu em vaquejada
vacinar campear e cantar toada
e namorar com filha de fazendeiro

e se um dia eu deixar de ser vaqueiro
vou chorar com saudade da boiada

eu não penso em deixar a minha terra
o lugar que eu nasci e fui criado
que não quero viver como empregado
vou ficar aqui no meu pé de serra
assistir a ovelha quando berra
de manhã o cantar da passarada
meia noite uma coruja parada
na estaca da cerca do chiqueiro

se um dia eu deixar de ser vaqueiro
vou chorar com saudade da boiada

eu não quero mudar meu ideal
pra dizer que eu sou capitalista
vou seguir minha vida de artista
só não quero negar meu natural
se trabalho do campo a capital
mais não acho esta luta tao pesada
la na serra construí minha morada
sou feliz com meu povo o tempo inteiro

se um dia eu deixar de ser vaqueiro
vou chorar com saudade da boiada

admiro demais a natureza
vem a chuva o relâmpago e o trovão
deus mandando a riqueza pra o sertão
se ver água descer na correnteza

já se vê muito lucro com certeza
sendo assim já não vai mais faltar nada
vê o sol de uma manhã de orvalhada
clareando o painel do tabuleiro

se um dia eu deixar de ser vaqueiro
vou chorar com saudade da boiada

o vaqueiro é um gênio sertanejo
que desperta a boiada nordestina
o aboio é a sua disciplina ele canta
matando o seu desejo
come mel rapadura leite e queijo
o cuscuz o angu e a coalhada
se lhe falta a manteiga ou carne assada
ele come a buchada de um carneiro

se um dia eu deixar de ser vaqueiro
vou chorar com saudade da boiada

[TOADA] Boi de Carro - Cláudio Rios




LETRA:

Fui buscar um boi de carro
Que estava na prisão
Pra levar pro matadouro
A pedido do patrão
Quando eu joguei o laço,
O animal pra mim olhou,
O que ele me falou
Foi de cortar o coração

Me disse assim portador,
Destino triste é o meu,
Eu não sei por qual motivo
O meu patrão me vendeu,
Ajudei a tanta gente
Fui escravo do roçado,
Depois de velho e cansado,
Ninguém me agradeceu.

Ao lado do boi vapor,
O meu primeiro parceiro
Só puxava o carro cheio,
Obedecendo ao carreiro,
Na passagem do riacho,
Me ajoelhava no barro,
Ou desatolava o carro,
Ou quebrava o tanoeiro

Quem trabalhava comigo,
Batia por desaforo,
Cortava meu corpo inteiro
Com um chicote de couro,
Invés de me libertar,
Para morrer no cercado
Meu sangue vai ser jorrado,
Na tábua do matadouro

[TOADA] Calça sem Cós - Maciel Valente




LETRA:

as moças de hoje em dia
deixa os pais preocupados
vestindo calça sem cós
chega com o corpo arrumado
ninguém mais lhe ignora
bota o umbigo de fora bonito e bem desenhado

Sai de casa logo cedo

pra encontrar com o namorado
diz papai vou pra escola
tapeando o abestalhado
chega la mata o desejo
se ilude com abraço e beijo
depois tao desmantelados

venha to terminando

que aqueles pobres coitados
gastando com a sua filha
quase sem ter resultado
mais a mãe diz que ela nova
namorar esquece da prova
diz que o assunto é complicado

quando ela vê um boyzinho

com o som do carro ligado
seja feio ou bonitinho
mesmo solteiro ou casado
sai com ele a passear
e quando vem se lembrar
o mel já tem acabado

vou avisar as meninas

por favor tenham cuidado
pensem mais em seus estudos
esqueça os desocupados
não saia fora da linha
se crescer a barriguinha
não diga que eu sou culpado

depois dessa nova lei

os homens andam assombrados
a mulher manda chamá-lo
ele diz to ocupado
mais se for a amante diz
vou botá-lo no juiz
e o besta é quem tá lascado

[TOADA] Mês de Novembro - Ronaldo Aboiador


LETRA:

Chegando mês de novembro
Dando as primeira chuvada
Reúne-se a vaqueirama
Em frente à casa caiada
Vão olhar nos campos pastos
Se a rama já está fechada

O vaqueiro da fazenda
É quem se monta primeiro
No seu cavalo castanho
Bonito e muito ligeiro
E vai ao campo pensando
Na filha do fazendeiro

Corre dentro da caatinga
Rolando em cima da sela
Se desviando dos espinhos
Unha de gato e favela
E Aboia em Versos Falando
da beleza da donzela

Diz ele em seu aboio
Ó vaca mansa bonita
Tem no lugar do chocalho
Um lindo laço de fita
Seu nome é Rosa do Prado
Um mimo de Carmelita

Quando se juntam os vaqueiros
Em frente à casa caiada
Um cabra de voz bonita
Vai cantando uma toada
Que a filha do fazendeiro
Fica logo apaixonada

Carmelita quando vê
O seu amor verdadeiro
Todo vestido de couro
Começa no desespero
Mamãe deixa eu ir embora
Na garupa dos vaqueiros

O vaqueiro adoecendo
Joga seus couros na cama
Pelo campo o gado urra
Como quem por ele chama
Na porteira do curral
Berra toda a bezerrama

Diz ele quando eu morrer
Coloquem no meu caixão
Meu uniforme de couro
Perneira, chapéu gibão
Pra eu brincar com São Pedro
Nas festas de apartação

Não esqueçam de botar
As esporas e o chapéu
O retrato do cavalo
Que sempre chamei Xexéu
Pra mim brincar com São Pedro
Nas vaqueijadas do céu

Diz ele quando eu morrer
Não quero choro nem nada
Quero meu chapéu de couro
Numa camisa encarnada
Com as letras bem bonita
Foi o rei da vaqueijada eh

Termino me despedindo
Das Serras do Taboleiro
Dos grutilhões, da chapada
E De todos os bons vaqueiros
Dos currais e das bebidas
E de todos os fazendeiros

[TOADA] Mandei Ler a Minha Sorte - Danielzinho e Forrozão Quarto de Milha


LETRA:

Mandei ler a minha sorte pelo velho curandeiro,
Ele abriu minha mão, disse a mão tem um letreiro
lhe digo que você é filho e neto de vaqueiro.

não vou comer seu dinheiro, procuro logo um patrão
peça um cavalo de raça e uma boa arriação,
que se tornará um ídolo dos vaqueiros do sertão

Senti que meu coração se estremeceu de alegria,
Fiquei Suspenso Pensando e o Velho ainda Dizia,
Seu Transporte é um Cavalho, som de Chocalho é seu guia.

A partir daquele dia, comecei a me sentir bem,

mais hoje eu do e não quero mais lição de seu ninguém
por que eu conheço os cavalos, pelos sinais que eles tem.

Sobre os Sinais dos Cavalos um é bom dois é melhor

sem ter sinal em coberto Três é ruim, quatro é pior
e é dos que correm um minuto e fica pingando suor

sou vaqueiro e sou major pelos campos graduado

a minha arma é um laço e um par de espora amolado
meu quepe é chapéu de couro e a farda é couro de gado.

Sei tratar de quarto inchado bicheira bronca e aftosa

caruara e manta ponta que é doenças perigosas
não quero mais do que sal crisolina e a barbosa

a serra mais ladeirosa remexo de cima a baixo

vaca de bezerro novo se ela esconder eu acho
e pelo jeito dos peito  sei se a cria é fêmea ou macho

quando eu faço o barbo e cacho as perneiras e guarda peito,

vire a testa e trinque os dentes penso em jesus e me ajeito
só respeito a natureza e o resto eu levo no eixo

Cela freira e guarda peito perneira chapéu gibão

cortina chicote e lorium mará chocalho e cambão
foi um filme que Deus fez lançou em meu coração

(TOADA) Meu Gibão Velho Remendado - Mano Walter


LETRA:

Meu gibão velho remendado, De tanto eu correr rasgou,
Me faz lembrar ao passado, Nos tempos do meu avô,
 Em 98 anos, veio um cristão desumano, Levou, me deixo impando.
Sentindo tristeza e dor.

 Ninguém somava o valor Daquele velho gibão, Um vaqueiro sem pudor,
 Me fez essa traição, Usar outro não tem jeito, me sito insatisfeito,
 Porque veio mal sujeito, levou meu gibão de couro.

 Meus olhos são rio de choro, No meio da rapaziada,
 Não inveje seu colega, quando ele entrar na mata fechada,
Já foi meu gibão meu gorro, Sem meu gibão eu não corro,
 De desgosto eu quase morro, Pra mim morreu vaquejada.

 Tantas festas organizadas, Pra corre boi na madeira,
 Dez gibão novo não serve, Pra mim dá uma carreira,
 E o consolo é quem me resta, Quebrar meu chapéu na testa
Ficar bebendo nas festas, de guarda peito e perneira.

 E eu peço a classe vaqueira, Que brinque sem ter desaforo,
Não inveja sem colega, quando ele pegar um touro,
São palavras de Zé Dinga que se afastou da caatinga
Por que levaram a mingua seu gibão velho de couro.